Escolha profissional

Confúcio aconselha “Escolha um trabalho que você ame e não terás que trabalhar um único dia em sua vida.” Entre quatro cursos na área de humanas com os quais me identifiquei, escolhi Letras.

A farsa de Inês Pereira (adaptação simplificada)


    O texto a seguir se trata de uma adaptação da obra "A farsa de Inês Pereira" de Gil Vicente, para uma apresentação simplificada por um grupo de 6 pessoas, dos principais acontecimentos da obra.
    A obra foi escrita em 1523, e pertence a Literatura Portuguesa Medieval Humanista. O autor a escreveu quando seus detratores o acusaram de plagiar as obras espanhóis do seu tempo. Sendo assim, ele solicitou um tema para que escrevesse e deram-lhe o provérbio popular "Mais quero asno que me leve, que cavalo que me derrube." A frase expressa a ideia de que é melhor escolher algo simples que seja seguro do que algo menos modesto e inseguro.
    A personagem principal é uma mulher que tem ciência da condição feminina da época, em que mulheres eram sujeitadas aos homens e totalmente responsáveis pelo trabalho doméstico e procriação. Para que casassem deveriam ser diligentes e trabalhadoras.
    Inês estava a procura de um homem palaciano (da corte), cortês e discreto. Seu  primeiro pretendente, Pero Marques, homem de terras e gados, foi rejeitado por ela por não atender ao perfil desejado. Ela se casa com um Escudeiro, homem inteligente, que sabia "ler, escrever e era bom no jogar bola e tanger a viola". Percebe então que fez uma má escolha, pois seu marido era valentão em casa e exigia que ela a obedecesse. Segundo ele, o homem sensato deveria manter a mulher reprimida. Ele vai para uma guerra e morre. Depois da experiência de seu primeiro casamento infeliz, Inês compreende que é melhor que escolha um homem simples para se casar... Ela casa e sobe nas costas de Pero, que a carrega representando sua submissão à esposa. Assim, entende-se o mote da obra. 
    Apesar de possuir diálogos em versos e muitas rimas, o gênero literário da obra é teatral e não lírico. É um teatro cômico que retrata os costumes da época com exagero próprio de uma comédia. Retrata também o modo de ser das personagens e diferente das outras obras de Gil Vicente, as personagens são reais e não simbólicas e alegóricas e os diálogos mais espontâneos.



A farsa de Inês Pereira (Adaptação: Lucas Santos)
Personagens: Inês, Mãe, Pero, Escudeiro, Lianor Vaz.

Cena 1: Inês solteira
Inês Pereira. Moça firme, ousada, esperta. Mora com sua mãe. Queixa-se de sua condição social e não se conforma a falta de liberdade da mulher de sua época.

Inês: Coitada, assim hei de estar,
Encerrada nesta casa
Como panela sem asa
Que sempre está num lugar?

Inês anseia um marido que a faça feliz, homem inteligente, discreto, palaciano.
Sua mãe, estava na missa e chega em casa:
Mãe: Minha filha, vá lavrar
Como queres tu casar,
Com fama de preguiçosa?

Inês: Mãe, mas eu sou aguçosa
E vós sois devagar.

Mãe: Quando menos esperares
Virão maridos a pares
E filhos de três em três.

Cena 2: Chegada de Lianor Vaz
Lianor Vaz é uma mulher que ganha dinheiro servindo de intermediária em casos amorosos. Ela conta que um clérigo tentou violentá-la. Traz consigo a carta de Pero Marques, pretendente.

CARTA DE PERO: Ora Inês, que hajais bênção
De vosso pai e a minha,
Que venha isto a conclusão.
Se não confiais em mim,
Esteja vossa mãe aí,
E Lianor Vaz presente
Veremos se sois contente
Que casemos na boa hora.

Cena 3: Pero Marques rejeitado
A mãe recomenda para Inês um homem abastado, e assim lhe parece Pero Marques, dono de terras e gado, mas que é rejeitado por Inês por não ser homem fino, palaciano.

Pero: Não vos anojareis mais,
Ainda que saiba estalar,
E prometo não casar
Até que vós não queirais.

Cena 4: Aceitação do Escudeiro
Pero diz que não a incomodará mais e parte. Os judeus casamenteiros apresentam a Inês, um escudeiro sem posses, homem de encaixe perfeito no perfil por ela desejado. Ele sabia ler, escrever e era bom no jogar bola e tanger a viola. Assim, numa bela cerimônia, eles se casam.

Escudeiro: Antes que mais diga agora,
Deus vos salve fresca rosa,
E vos me dê por esposa,
Por mulher e por senhora.

Cena 5: Inês casada
Inês canta (criar melodia): Se eu não tivesse te escolhido,
Não teria sofrido,
Mas também não teria te visto...

Escudeiro:
Vós cantais Inês Pereira
Eu juro que esta seja a vez derradeira
Será bom que vos caleis.
E não me respondais nada
Porque o homem sensato
Traz a mulher reprimida, sopeada.

Cena 6: Inês viúva
Seu marido desejava fazer-se escudeiro na África e na guerra ele morre. Em casa era valentão, mas na guerra, era covarde e não herói.

Lianor Vaz: Como está Inês Pereira?
Inês: Muito triste. (Revelando que na verdade estava feliz)
“Mais quero Asno que me leve,
Que cavalo que me derrube.”

Cena 7: Inês casada com Pero Marques
Inês casa-se logo com Pero Marques e aproveitando a personalidade fraca dele, arquiteta traí-lo com outro homem.
Inês: Antes Lebre que Leão,
Antes lavrador que Nero.
(Ela sobe nas costas do marido)
Marido, assim me leves
E sempre concorde com o que digo
“Mais quero Asno que me leve,
Que cavalo que me derrube.”


Fim

A farsa de Inês Pereira (adaptação simplificada)

    O texto a seguir se trata de uma adaptação da obra "A farsa de Inês Pereira" de Gil Vicente, para uma apresentação simplific...